Filix Jair
19.12.10
 
memory yes mas quanto?
filixjair@gmail.com

Eu estava ali, sentado, semi-oculto (se quiserem tenho testemunhas); e vi; ouvi. Muito feliz fiquei: se tivesse tomado a condução na hora marcada, nada haveria se passado; agradeço a mim mesmo ter desistido da sequência anterior – pois passava por ali, em momento de distração somente. E entrei. Subi as escadas como quem queria apenas um café, mas parei a meio caminho de meu destino (uma cafeteria qualquer, onde me esperava um café qualquer, com qualquer açúcar, qualquer água, qualquer coisa, mesa, cadeira qualquer). E entrei, por desvio involuntário – ouvi algo, e entrei. Intuí alguma coisa, e fui. Desculpem: tenho que admitir que houve planejamento, de fato. De fato, planejei ali chegar. Saí a tempo e cheguei. Verifiquei o percurso e cheguei. Pois queria estar ali, de verdade, para ver e ouvir. Antes que perguntem, digo: era preciso. Simples assim, devo dizer que. Sim, tenho interesse em continuar o trabalho que prossegue em avanço; e avançar – mais. Em deslizar, para frente e lados, para trás e ângulos. Continuar, nem é necessário que se diga (ou talvez se deva dizer, sim). Não se coloca agora o problema de continuidade, parece que este ponto está resolvido por algum tempo. Há o segundo problema, que sempre esteve lá e sempre se impôs como principal principal de fato, que seria a questão de buscar construir área de avanço público que seria que seria ter os refrões rodando ouvidos por sua própria estrutura de replicação. Tocar – aqui, ali, no rádio, na rede, em frente a ouvidos atentos (olhos, nem tanto: advertência é que é bem certo que FxJ [eu, por certo] não se faça visível quando for a hora): foi em busca desse momento (que recuso), que entrei, sentei, fechei os olhos (para abri-los em segundos) e ouvi. Vi.

AD e RB lá, enquanto DE: momento para não esquecer. Em localização privilegiada, estava – e por isso lhes digo que o que ouvi. Vi. Seguro causou quietude a este corpo inquieto.

Somente músicos com familiaridade de processos podem dizê-lo e digo, e ouvi. Vi. Momentos em que tremi, momentos nada fáceis. Outras horas de tudo esqueci, voltei a cabeça em outra direção, nada mais quis saber. Apenas para de olhos fechados ouvir algumas das conversas que vinham ao encontro dos corpos; de meu corpo descorpo. Ao meu lado, ela (que ali conheci e desconheci no mesmo gesto revirante – e assim foi por todo o evento, conhecer desconhecer; sobretudo ela) indicou ações, performances, coisas se passando; assim, permaneci intrigado.

Sim, reconheci repertório, identifiquei sim os antigos sucessos e o novo anti-sucesso que se sucedeu seguidamente suave, sensivelmente simples, insistente. Refrões, ter cuidado com. Foi com alegria, a noite – vi, ouvi, como vibravam ao meu lado vibrosidades, vi. Ouvi.

Aplausos. Vaias vivas.
Aplausos. Vivas vaias.
Aplausos – sinais sonoros – tu tuiú laralilalá.
Aplausos-vaias-aplausos-vaias-aplausos-vaias-
&etc

Retornei em meu rumo posterior, à casa. Dormi. Vi. Ouvi. Nada importante, jamais novamente – ainda que continue intrigado com a insistência, quiçá presença, em continuidade. Vamos ao radical deserto das torções desiguais – de ônibus, metrô, básicos transportes urbanos.

Bem vindo(a)! Ao radical deserto das torções desiguais – venha acompanhado(a). Agradeço a presença de todos por tornarem possível esta noite memorável que pude acompanhar de lugar (tão) especial.


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