Filix Jair
22.10.03
 
como sim, como nao
filixjair@yahoo.com.br
FxJ:
Paulo, citado abaixo por Giorgio, poderia ser o da Viola, possibilitando um conluio ítalo-brasileiro entre Nápoles (?) e Rio, ou talvez uma roda de samba ou pagode with tomato sauce. Leiam abaixo, sem tradução ("essa gente hoje em dia que tem a mania de exibição, não se lembra que o samba não tem tradução no idioma francês"): sintam-se impulsionados para ser e não ser, trabalhar em direções produtivas ("trata-se de usar", escreve Giorgio sob a sombra de Michel) – em caso próximo de vocês (ei RB, isso lhe interessa?) a discussão moderna entre artista&não-artista, acelerada por Allan para a fórmula 'an-artista', talvez seja sentida como tendo antecipado o problema. Certamente antecipou. Mas não deixa de ser reconfortante uma discussão sobre a relação entre corpos e poder trazer colocações assim tão estimulantes. Como assim? "Mais do que escutar estes comentários à seco – i.e., sem som, sem as tessituras e nuances de uma voz que fala, fala, fala." Chega, vamos a ele – digo, à você, Giorgio. Vamos trocar arquivos musicais, arqueocanções ritornelos refrões homéricos latentes no ouvido como sim como não sem música sem som surdez nos olhos cegueira dos ouvidos produções produções produções. Não deixem de voltar a http://vacarme.eu.org/article255.html. Divirtam-se.
"Je travaille en ce moment sur les lettres de Paul. Paul pose le problème : « Qu’est-ce que la vie messianique ? Qu’allons-nous faire maintenant que nous sommes dans le temps messianique ? Qu’allons-nous faire par rapport à l’État ? » Et là il y a ce double mouvement qui a toujours fait problème, qui me semble très intéressant. Paul dit en même temps : « Reste dans la condition sociale, juridique ou identitaire, dans laquelle tu te trouves. Tu es esclave ? Reste esclave. Tu es médecin ? Reste médecin. Tu es femme, tu es marié ? Reste dans la vocation dans laquelle tu as été appelé. » Mais en même temps, il dit : « Tu es esclave ? Ne t’en soucie pas, mais fais-en usage, profites-en. » C’est-à-dire qu’il n’est pas question que tu changes de statut juridique, ou que tu changes ta vie, mais fais-en usage. Il précise ensuite ce qu’il veut dire par cette image très belle : « comme si non », ou « comme non ». C’est-à-dire : « Tu pleures ? Comme si tu ne pleurais pas. Tu te réjouis ? Comme si tu ne te réjouissais pas. Es-tu marié ? Comme non-marié. As-tu acheté une chose ? Comme non-achetée, etc. » Il y a ce thème du « comme non ». Ce n’est même pas « comme si », c’est « comme non ». Littéralement, c’est : « Pleurant, comme non pleurant ; marié, comme non marié ; esclave, comme non esclave. » C’est très intéressant, parce qu’on dirait qu’il appelle usages des conduites de vie qui, en même temps, ne se heurtent pas frontalement au pouvoir – reste dans ta condition juridique, dans ta vocation sociale – mais les transforment complètement dans cette forme du « comme non ». Il me semble que la notion d’usage, en ce sens, est très intéressante : c’est une pratique dont on ne peut pas assigner le sujet. Tu restes esclave, mais, puisque tu en fais usage, sur le mode du comme non, tu n’es plus esclave." (Giorgio Agamben)

19.10.03
 
cordas
filixjair@yahoo.com.br
FxJ:
Foi feito um link experimental deste texto em progresso na página http://www.nbp.pro.br/filixjair.html. Sei que nas atuais condições a possibilidade de alguém acessar é quase nula (tendência: zero) - sensação reconfortante, confesso. Trabalho com calma, deitado na rede, ou não trabalho mesmo: faço nada, sem pressão de qualquer espécie, cobranças zero. Nunca se sabe, porém, o que fazem os outros e quando menos se percebe eles estão ali, elas estão lá. É próprio desta superfície a 'voracidade conectiva', e se algum Bataille elétrico-eletrônico pode ser delineado seria no ultrapassar fronteiras de um link a outro (vejam http://www.videobrasil.org.br/14/port/circuito.pdf): a dinâmica deste fazer é sempre para o lado de fora, e por isso que não me incomodo com a quietude deste lugar: ela é ilusória: estamos falando para o mundo, para o espaço sideral - na real, isto não é um local, mas sim um lugar difuso, deslocalizado. Não quero saber onde está o servidor remoto desta coisa, neste momento não faz qualquer diferença. Queria apenas dizer que cortei minhas unhas, fato que produz um dedilhado sem tanto brilho nas 6 cordas do nylonviol. Quis tocar, e foi sem brilho que o fiz. Quis cantar e ficou entre as quatro paredes da sala. Essa é uma diferença real: assim através da voz posso me esconder e a probabilidade de ninguém ouvir (audição: zero) é alta. Sem escuta. Até onde é possível lidar com as coisas assim, sem escuta? Alô? Toca o telefone. Rogério Duprat ficou surdo: em que difere a surdez de um músico da surdez de um ouvido qualquer que sempre viveu sua vida em desatenção crônica com o entorno? A combinação de água corrente de um chuveiro com o toque em um nylonviol (quero eletronitonificá-lo para ultrapassar limites de sonoridades) salva um dia. Mas quero mais que isso – para isso fui inventado, não sei se existo, gostaria de alguma confirmação de que meu nome é mesmo FxJ.


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